Uma estudante de Medicina da Univali, filha de um prefeito em exercício no Vale do Itajaí, está entre os beneficiários do programa Universidade Gratuita, que banca mensalidades com recursos públicos do Governo de Santa Catarina. A jovem teve sua bolsa renovada em 2025, mesmo após declarar uma renda familiar de R$ 37.808,23 mensais.

Apesar da alta renda, a renovação foi mantida com base na regra que estabelece limite de até oito salários mínimos por pessoa do grupo familiar — o que, atualmente, equivale a R$ 12.144,00 por pessoa.

Segundo nota oficial da Univali, a estudante entrou no programa ainda em 2024, quando a renda familiar era de R$ 15.700,00 e o pai não era prefeito.

A legislação prevê que a renovação do benefício ocorre a cada 12 meses, e não exige análise retroativa caso a renda aumente nesse intervalo. A próxima reavaliação completa ocorrerá apenas no segundo semestre de 2025.

A universidade reiterou seu “compromisso com a lisura e o dinheiro público” e afirmou que segue fielmente os critérios estabelecidos em lei.

“Parabéns! Governador, tá na hora de acabar com isso. Minha neta faz Direito, o pai ganha salário mínimo, a dívida tá aberta, e ela não conseguiu bolsa. Nos ajude”, desabafou uma avó em comentário no Instagram do governador.

Diante da repercussão de outras reclamações semelhantes, o governador Jorginho Mello (PL) determinou que a Polícia Civil investigue possíveis fraudes no Universidade Gratuita. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele reafirmou o compromisso com a transparência e mandou um recado direto:

“Eu não vou permitir que meia dúzia de espertinhos manche o que é de todos nós.”

Segundo o governador, o programa é um dos maiores marcos da educação em Santa Catarina e precisa ser protegido. Atualmente, o Universidade Gratuita já atende mais de 40 mil estudantes em todo o Estado, muitos deles de famílias que nunca teriam condições de bancar uma faculdade.

“O problema do malandro é que sempre acha que é mais esperto que todo mundo. Mas a casa vai cair”, reforçou o delegado-geral Ulisses Gabriel.

A ação é vista como uma tentativa do governo de garantir que o programa mantenha seu foco original: ampliar o acesso ao ensino superior de forma justa e responsável. O caso da filha do prefeito, embora não seja considerado ilegal, reabriu o debate sobre os critérios adotados e a necessidade de ampliar a fiscalização para evitar distorções.

O governador também destacou que Santa Catarina é o único estado do país com um programa gratuito de acesso ao ensino superior como esse. E garantiu: “Nem eu, nem o delegado Ulisses, vamos deixar ninguém destruir esse projeto.”

Fonte: Jornal Razão